‘Condomínio do tráfico’ |
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What is affected |
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Type of violation |
Forced eviction Demolition/destruction |
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Date | 18 August 2024 | ||||||||||
Region | LAC [ Latin America/Caribbean ] | ||||||||||
Country | Brazil | ||||||||||
Location | Favela Maré, norte do Rio de Janeiro | ||||||||||
Affected persons |
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Proposed solution |
Acusação dos infratores e reparação das vítimas |
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Details |
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Development | |||||||||||
Forced eviction | |||||||||||
Costs | |||||||||||
Demolition/destruction | |||||||||||
Housing losses | |||||||||||
- Number of homes | 300 | ||||||||||
- Total value € | |||||||||||
Duty holder(s) /responsible party(ies) |
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Brief narrative |
SEOP continua demolições na Maré enquanto moradores protestam Por:mareonline 21 de agosto de 2024
Secretaria de Ordem Pública afirmou que operação vai continuar nos próximos dias sem informar previsão de término
Fogos às 5h desta quarta-feira já informavam o que moradores do Conjunto de Favelas da Maré temiam: mais um dia de operação, o terceiro consecutivo. A Secretaria de Ordem Pública (SEOP) confirmou que segue realizando operação de demolições na Maré nesta quarta-feira (21) com apoio das polícias Civil e Militar. Diferente do que a secretaria informa, os moradores dizem que não houve aviso e assistência prévia, apenas papeis colados nas paredes sobre a demolição das casas.
Além disso, em nota, o órgão afirmou que “a demolição das construções irregulares seguirá nos próximos dias”, sem dar uma previsão de término.
A equipe do Maré de Notícias esteve na Nova Holanda e no Parque União, locais que acontecem as demolições desde a última segunda-feira (19). “Eles estão fazendo terror psicológico na gente” declara uma das moradoras que preferiu não se identificar.
Apesar do medo e preocupação sobre os próximos dias, muitos moradores continuam nas casas na tentativa de evitar as demolições. Enquanto a SEOP diz que 90% das casas estão desocupadas, os moradores dizem o contrário, a maioria das casas estão ocupadas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram funcionários da SEOP levando eletrodomésticos como ar condicionado e geladeiras de dentro das residências. Também questionamos se o procedimento de apreensão faz parte do protocolo padrão da operação, além de perguntar se os itens serão devidamente registrados no balanço final e como o órgão garante a transparência e integridade dos registros.
Em nota, a SEOP respondeu que “nenhuma pessoa se identificou como dona dos equipamentos. Todos os itens foram levados para o depósito municipal e poderão ser retirados pelo proprietário, mediante identificação e comprovação de compra.”
No local de onde a geladeira foi retirada, por exemplo, moradores informaram à equipe do Maré de Notícias que a dona não estava em casa porque estava trabalhando. Um dos questionamentos que ficam é: você, leitor, tem todas as notas fiscais de tudo o que possui em sua casa hoje, caso precise comprovar suas compras para o Estado? Se não tiver, e você for favelado, pode ter seu eletrodoméstico levado, sem conseguir recuperá-lo.
Tentativa de protesto
‘Meus filhos vão crescer com amor no coração, vendo a mãe deles tomando tiro de borracha e tapa na cara? Sem eu ter envolvimento com o tráfico de drogas. É um absurdo!’, diz a moradora durante protesto.
Moradores tentaram organizar um protesto pacífico na Avenida Brasil por direito à moradia e também contra a interrupção das aulas devido às operações. Entretanto a mobilização foi interrompida pelos policiais com bombas de efeito moral.
“O Estado, ele é genocida, entendeu? Todo mundo que entra na favela pra ele não presta. A gente não pode construir uma casa porque é o dinheiro do tráfico. A gente não pode ter uma loja porque foi o tráfico, entendeu? Mas o verdadeiro que rouba a gente é eles, porque eles fazem operação não pra oprimir o tráfico de drogas, mas sim pra entrar dentro da nossa casa, roubar nossas coisas”, indaga uma moradora que, apesar de se identificar, preferimos omitir seu nome por questões de segurança. Segundo ela, policiais levaram R$ 750,00 de sua casa, dinheiro que seria usado para pagar o aluguel.
O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462 e também nos equipamentos da organização.
‘Condomínio do tráfico’: em dia de novas demolições na Maré, protestos fecham vias e param o BRT Atos bloquearam a Avenida Brigadeiro Trompowski e a Linha Vermelha. Vinte e seis escolas foram fechadas. g1 Rio e TV Globo 19/08/2024
As polícias Civil e Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) retomaram nesta segunda-feira (19) as demolições de imóveis erguidos pelo tráfico de drogas no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Na semana passada, uma operação conjunta para derrubar o “condomínio do tráfico” no Parque União encontrou um quadriplex de luxo às margens da Avenida Brasil.
Em protesto, grupos fecharam a Avenida Brigadeiro Trompowski e tentaram bloquear a Linha Vermelha em diferentes momentos. Pela manhã, o bloqueio durou 1 hora e meia, e PMs contiveram o ato. No início da tarde, porém, um grupo invadiu um ônibus e tomou as chaves, deixando o coletivo no meio da pista. Carros conseguiam passar em meia-pista.
Via estratégica
A Av. Brigadeiro Trompowski é o principal acesso da Avenida Brasil ao Aeroporto do Galeão e à Ilha do Governador. Margeia o Parque União, onde fica o “condomínio do tráfico” alvo da força-tarefa, e passa sob a Linha Vermelha. A via também é compartilhada pelo BRT Transcarioca.
Por causa dos protestos, o BRT ficou parado por pelo menos 1 hora e meia. Um articulado teve o para-brisa destruído, e os passageiros precisaram abandonar o coletivo às pressas.
Manifestantes chegaram a espalhar objetos na Linha Vermelha, mas a via não foi interditada.
A MOBI-Rio informou que, por motivo de segurança, os serviços 90 (Fundão-Gentileza) e o serviço especial TIG-GIG foram interrompidos, e o serviço 42 (Manaceia-Galeão) operava até a estação Santa Luzia.
Mais impactos
Por causa da operação, 26 escolas na Maré — 24 municipais e duas estaduais — suspenderam as aulas. Nas unidades do estado, estudam 900 alunos no turno da manhã.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva fechou as portas, como medida de segurança. Já a Clínica da Família Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento à população, mas suspendeu atividades externas, como as visitas domiciliares.
Lavagem de dinheiro do comércio de drogas
Nesta segunda, os policiais encontraram na Maré uma carga que havia sido roubada. O material foi recuperado e será levado para a 21ª DP (Bonsucesso).
Segundo a Polícia Civil, esta é a 3ª fase da operação. Na última, os agentes demoliram uma mansão do tráfico que tinha acabamento em mármore, uma piscina com cascata e uma banheira de hidromassagem (veja abaixo).
Força-tarefa derruba imóvel de luxo do tráfico na Maré
O “condomínio”, no Parque União, foi mostrado em outubro do ano passado pelo RJ2. Na ocasião, a reportagem mostrou que o Comando Vermelho (CV) adotou uma prática da milícia e passou a usar a especulação imobiliária para lavar dinheiro das atividades criminosas. A venda das casas, à época recém-construídas, é uma forma de circular esse capital.
As investigações apontam que a comunidade do Parque União vem sendo utilizada há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. Os agentes apuraram a participação de funcionários associação de moradores no esquema.
A comunidade tem como chefe o traficante Jorge Luís Moura Barbosa, o Alvarenga. Ele tem 86 anotações criminais e figura como autor em 175 inquéritos policiais. Participa ativamente das decisões que determinam o rumo do CV, como invasões de territórios rivais para expansão dos domínios e exploração ilegal econômica.
De acordo com a Polícia Militar, equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) localizaram dois pontos de armazenamento do crime organizado na Comunidade da Nova Holanda e apreenderam duas pistolas, uma carabina, uma granada, um bloqueador de sinal via satélite, três carregadores de fuzil do tipo goiabada, vários carregadores de pistolas, diversos rádios comunicadores e vasta quantidade de entorpecentes a serem contabilizados.
Ainda de acordo com a PM, pessoas tentaram bloquear a Linha Vermelha por alguns momentos desmobilizadas pelo Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), que restabeleceu o fluxo na via.
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Costs | € 0 | ||||||||||